sábado, 6 de dezembro de 2008

DEPRESSÃO NA MULHER

DEPRESSÃO NA MULHER
Você já ficou de mau humor, resmungona e chata, achando a vida “um porre” e doida pra “chutar o balde?” Fique atenta, pois você pode estar com depressão. Isso mesmo. Nem sempre a depressão aparece daquele jeito clássico, onde a pessoa fica triste, chorando, deitada na cama, sem vontade de comer e com vontade de morrer ou de se matar. A depressão pode surgir com irritabilidade, cansaço, sensação de desamparo e desmotivação. Ou através de doenças, como vaginites, gripes, herpes, gastrites, cefaléias, etc.
Mulheres de meia idade, entre 35 e 50 anos, passam por um período de alterações clínicas distintas, que pode decorrer de oscilações hormonais mais significativas, produção mais baixa dos hormônios ovarianos, irregularidades menstruais, alterações urogenitais, do sono, da memória e/ou do humor. Das perturbações do humor, de longe, é a depressão a queixa mais prevalente de mulheres em período perimenopausa, principalmente as que já manifestaram quadros depressivos ao longo da vida. A depressão é um transtorno complexo e que se manifesta, como vimos, através de sintomas físicos e psíquicos. Lembrar que a depressão e a distimia também podem cursar como uma comorbidade do TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. É sempre orientado ao especialista fazer uma triagem para o TDAH, pois no TDAH as comorbidades são a regra, e não a exceção.
A transição menopausal pode ser dividida em período perimenopausa (declínio da função ovariana até um ano após a menopausa, menopausa (término da atividade ovulatória folicular e um ano de amenorréia, ou seja, sem menstruar) e pós-menopausa (após um ano sem menstruar). Esse declínio hormonal modifica o “eixo hipotálamo-hipófise-gonadal” feminino, com baixa secreção dos estrógenos e dos níveis de progesterona também, sendo essa uma das razões porque a mulher deprime mais que o homem, numa proporção de 2:1 a favor das mulheres, é claro, que apresentam vários tipos de transtornos do humor, desde a famosa TPM, à aos episódios depressivos na gestação (20%), ou no pós-parto (15-20%), ou na menopausa ou no climatério. Para não falar dos quadros depressivos das crianças e adolescentes, cada vez mais evidentes em nossa sociedade. Na verdade, as oscilações da produção de hormônios sexuais podem alterar o humor da mulher em qualquer idade. Não raro, a depressão fica bastante agravada por fatores de ordem emocional e ou ambiental. Mas na verdade, temos que saber que existe a possibilidade de o quadro depressivo estar “mascarando” a ocorrência de um distúrbio hormonal, que obviamente, só vai cronificar o episódio depressivo. Fatores de risco importantes compreendem o relacionamento conjugal desgastado ou rompido, apego excessivo da mulher na criação dos filhos, histórico de depressão ou outros transtornos psiquiátricos na família, doenças clínicas, condição socioeconômica baixa, baixa escolaridade, perda precoce dos pais, entre outros. O problema pode ainda se ampliar, quando vários sintomas se sobrepõem, dificultando o diagnóstico.
Nos casos mais graves, a indicação é de que sejam usados medicamentos antidepressivos além da terapia hormonal. Se ansiedade estiver presente, deverá ser administrado um ansiolítico como coadjuvante. O tratamento exige remissão total dos sintomas. Senão, o índice de recorrência é alto, cada vez mais, a cada episódio depressivo. Mulheres que já apresentaram mais de três episódios depressivos deverão fazer tratamento com antidepressivos por tempo indeterminado, uma vez que as chances de recuperação total se reduzem a menos de 10%. Ficar ciente e atenta aos efeitos colaterais dos antidepressivos que podem variar desde boca seca, náusea, cansaço, tremor, prisão de ventre, sonolência, tonteira, ansiedade, dor de cabeça, ganho de peso, diminuição da libido, esquecimentos, e outros, que são motivo de altas taxas de abandono e não adesão ao tratamento. A influência dos efeitos colaterais dos antidepressivos sobre a função sexual vai depender do tipo do antidepressivo usado. A bupropiona e a mirtazapina são os antidepressivos que menos causam prejuízo na libido. Estratégias sugeridas para minimizar os efeitos colaterais dos antidepressivos sobre a função sexual incluem conhecimento do fato pela paciente, reduzir dose do antidepressivo, substituir o antidepressivo quando possível ou acrescentar “antídotos”, como a bupropiona (inibidor da dopamina, que aumenta a libido) aos inibidores da serotonina, que geralmente causam prejuízo da libido. O risco de a bupropiona induzir disfunção sexual se assemelha à do placebo, sendo a bupropiona o antidepressivo de escolha para o tratamento da depressão em mulheres com queixas sexuais ou aquelas no climatério ou na menopausa. A disfunção sexual, própria da depressão e das alterações hormonais dessa fase não é alterada com a administração da bupropiona. Ao contrário, ela pode até beneficiar a atividade sexual além de tratar a depressão. Sendo a bupropiona um agente dopaminérgico e noradrenérgico, vai estimular mulheres apáticas, letárgicas, obesas e com o grande diferencial de outros antidepressivos que é não causar ganho de peso. Vale ressaltar que a disfunção sexual pode ser um sintoma prodrômico da depressão tanto quanto um sintoma próprio ou inerente à depressão ou ainda um sintoma residual de um quadro depressivo. Consulte um especialista de confiança na área.
Texto extraído e modificado do livro “Sexualidade humana e seus transtornos, Abdo CHN, 2a edição, 2002, Lemos editora”, por Evelyn Vinocur.

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá!!!
Tenho 27 anos, estou no meio do meu 2° curso de engenharia numa universidade federal, sendo que o primeiro abandonei no 9° semestre...
Bem, tenho uma trajetória longa de insucessos desde que descobri que tenho o tdah e depressão...vou fazer vestibular de novo, e se passar, acho que vou desistir do curso atual! Faço psicoterapia e uso, além do metilfenidato, a fluoxetina e a bupropiona desde novembro de 2008. Não sinto melhoras, principalmente relacionadas a grande perda da libido e ao déficit de atenção.
Me sinto num beco sem saída... Existe algum tratamento alternativo?
Desde já agradeço, abraço!

Unknown disse...

oi anônimo,
varios disturbios emocionais podem gerar comportamentos e pensamentos que venham a culminar em insucessos cronicos ao longo da vida... afinal, somos o produto da nossa carga genetica versus o meio ambiente no qual vivemos. A nossa educação, conceitos, valores, moral, etc., tudo tem a ver. O importante é vc procurar um psiquiatra de sua confiança para ser bem avaliada e receber um diagnostico correto do problema de base e das comorbidades também. E fazer o seu tratameno. A psicoterapia ajuda em muitas coisas, complementa. Siga um tratamento adequado e vc sera uma mulher de sucesso! obrigada por postar, continue postando e ajudando outras milhoes de leitoras que certamente terao duvidas similares às suas!
tudo de bom
bjs
evelyn vinocur

Anônimo disse...

Olá, também sou diagnosticado como TDA. Antes, fiquei vários anos tratando como se fosse depressão. Nesse ínterim, abandonei vários semestres da faculdade. Cheguei a até começar outro curso....Estava num beco sem saída. Achei um médico que ao ouvir meus relatos de vários projetos que começava e não terminava e meus interesses múltiplos, intuiu que seria TDA e não depressão. Começou a me tratar com Ritalina (até então só havia tomado antidepressivos como Prozac, Imipramine, Pamelor, etc). COmecei a me sentir melhor e após vários anos, pude retornar à faculdade. Consegui, pela primeira vez cursar 2 anos e meio seguidos. Apesar disso, sempre achei que algo não estava ainda 100%, de modo que pesquisava (e ainda o faço) tratamentos alternativos adicionais, como meditação, etc. Atualmente, o remédio está fazendo menos efeito e acabei entrando em crise abandonando esse ultimo semestre :( ...Mas nunca vou desistir....Além de continuar com o medicamento, estou estudando os efeitos do Neurofeedback para conseguir maior concentração e bem estar, tenho visto artigos interessantíssimos e animadores....Brevemente, estarei construindo meu próprio aparelho de neurofeedback...e começarei a aplicar em mim....O remédio deu um resultado até então inédito, mas creio que posso chegar a um patamar muito melhor (pois ainda tenho crises e mal estares)conjugando o neurofeedback....Ahn...a meditação também é muito boa...