sábado, 7 de fevereiro de 2009

TDAH nos dias de hoje


Hoje em dia, mais do que nunca, temos que prestar muita atenção nas mulheres afobadas, destrambelhadas, ansiosas ou depressivas. Elas podem nos parecer desatentas ou à mil por hora. E muitas vezes, só na hora de colhermos uma história detalhada dela, é que vamos definir o que é a agitação da contemporaneidade da inquietude do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade...São tantos os fatores “estressores” nos dias de hoje, que eu poderia ficar aqui descrevendo-os pela madrugada afora...Estamos vivendo atualmente a Moderna Era do Estresse, onde observamos que cada vez mais, estamos abarrotados de obrigações, responsabilidades e agendas lotadas. A competição no mercado de trabalho está cada vez mais acirrada, com necessidade de termos mais de uma especialização na nossa profissão, com os ‘pós’..., os MBAs, mestrados, doutorados, pós-doutorados, etc., numa corrida obsessiva contra o tempo e pela garantia de permanecer no emprego e ou de arrumar um.Hoje, o profissional precisa se superar a cada dia, batendo seu próprio recorde, uma vez que temos um aumento substancial de empregos “sem carteira assinada”, ou chamados “PJs”, como dizemos, que, tal como os autônomos e os free-lancers, muitos deles só conseguirão algum trabalho no ramo da terceirização de serviços, e, é claro, onde a seleção natural é evidente, bem objetiva e pragmática: só os melhores e os “mais feras” conseguirão a melhor vaga e o melhor salário no mercado de trabalho atual.As mulheres, hoje tão liberais, modernas e ‘super-poderosas’ (embora muitas delas estejam ficando hiper-esgotadas), estão tendo que se desdobrar em “DEZ”, caso queiram manter o status e queiram ter a sua própria casa, carro, marido (muitas preferem produção independente), filho(s), empregada (ou faxineira), cachorrinho, dinheiro para viajar ou para cuidar do corpo ou da pele, etc., (a lista aqui pode ser quase interminável...) pois nestes casos as ‘super-poderosas’ precisam começar o dia bem cedo, tipo 5 ou 6 da manhã, para irem à academia (é “chic” e faz bem à saúde), é claro, para depois deixarem o filhote na escola e saírem correndo para o trabalho.No almoço, os ‘fast-food’ mesmo para umas ou o básico ‘salada verde com franguinho grelhado’ para as “mulheres-diets” ou “muheres-zero” (dos recém- lançados refrigerantes zero calorias), como dizemos hoje, sim, tudo às pressas, para poderem chegar ao trabalho na hora certa, sem terem que compensar... algumas mulheres ainda farão suas ‘pós’ depois do trabalho, outras irão para casa terminar os serviços não acabados e verem se os filhos fizeram os deveres, etc.Também não é nenhuma novidade que as relações afetivas homem-mulher estejam cada dia mais ‘apoucadas’, mais frouxas, sei lá, todo mundo (eles e elas) vive reclamando, estão quase sempre descontentes, decepcionados, com sentimento de vazio, de solidão, solidão a um, a dois, a três, sentimentos de impotência, medo do futuro, etc....No que tange aos homens, a vida também não está nada fácil. Ou eles têm a obrigação de manter casa, filho(s), mulher, o que já não é pouco, como muitos deles (e delas também) ainda têm que arcar com o ônus do(s) filho(s) do(s) casamento(s) anterior/es... como dizem eles/elas: - “... assim fica difícil, haja salário que cubra os nossos gastos!”Observamos também que, talvez até por falta de tempo ou pelos tantos problemas compartilhados em casa pelos casais, o que obviamente desgasta qualquer relação conjugal, que homens e mulheres têm se queixado cada vez mais de falta de interesse e de libido por parte da(o) parceira(o), de sentimentos de estarem sobrecarregados(as), sentindo falta de carinho, atenção, reconhecimento, gerando um distanciamento do casal. Fato é que, seja em nome dessa “frustração”, digamos assim, ou por qualquer outro motivo, muitos querem se distrair fora de casa, não raro saindo depois do trabalho para bate-papos com amigos em barezinhos, tudo regado a petiscos e muito chopp, enquanto outros confessam que precisam de relacionamentos extra-conjugais, entre outros, para se confortarem um pouco. Fator também de suma importância para a gênese do estresse é o empobrecimento visível da nossa classe média, que trabalha cada ano mais e vê seu padrão de vida descendo cada vez mais, por mais que eles trabalhem mais e mais, a cada ano... “-... é um buraco sem fundo...”Por fim, porém não menos importante, o fato de estarmos vivendo hoje num país violento, sem lei - tal qual filhos órfãos sem pai nem mãe, num mundo sem chão, sem limites, sem regras, sem coerência, sem justiça - tem gerado na sociedade como um todo um sentimento desconfortável de desamparo, descrença e angústia diante do futuro.E, só para terminar, possivelmente como conseqüência de tudo o que foi dito acima, muitos de nós (sobre)vivemos sob um grau importante de estresse, o que ainda nos obriga a reservar uma fração mensal do nosso salário para os nossos “lexs”(lexotans) da vida, ah sim, porque, convivendo diariamente com tamanho estresse, haja organismo que agüente firme sem titubear ...Solução?Sim, tem. Sempre terá. Não há problemas sem solução! Precisamos afinar a nossa confiança e estima e acreditarmos no nosso potencial criativo diante do novo e das dificuldades e assim, prontamente desengavetarmos o nosso bom humor e as nossas ferramentas internas para boas mudanças, enfrentando as adversidades do dia-a-dia, não procrastinando, ou seja, não deixando para amanhã o que se pode fazer hoje, não tentando ultrapassar os próprios limites, não nos comparar com as outras pessoas, enfim, não podemos perder a capacidade de “ver globalmente” – pois não há nada no mundo que não seja passageiro – nem nada no mundo que não tenha o seu lado bom. É só procurar. E quem procura, acha.Evelyn Vinocur, 07 de fevereiro de 2009.Psiquiatra e Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental.

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