sábado, 19 de julho de 2008

CONHECIMENTO SOBRE TDAH NO BRASIL



Pesquisa Datafolha mostra que menos de 5% dos pacientes com TDAH no Brasil recebem tratamento.

1 - cérebro em repouso
2 - cérebro com TDAH

Segundo o estudo, as crenças podem dificultar o tratamento dos portadores da doença. O Instituto Datafolha ouviu 3.122 pessoas destas, 2.117 com idade superior a 16 anos, de todas as regiões do país e mais 1005 profissionais da área de saúde e educação sendo: 500 educadores, 405 médicos (128 clínicos gerais, 45 neurologistas, 30 neuropediatras, 72 pediatras, 130 psiquiatras) e 100 psicólogos brasileiros, das dez principais capitais (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) para descobrir o nível de conhecimento dos entrevistados sobre o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). A pesquisa revelou que todos os grupos de entrevistados possuem crenças relacionadas ao TDAH, que é um dos transtornos mentais mais comuns com implicações que variam de dificuldades no desempenho escolar a problemas psicológicos e sociais. Nenhuma das crenças apresentadas, como a ausência dos pais, tem respaldo científico, o que pode dificultar o diagnóstico e o tratamento da patologia. Realizada entre 29 de junho e 5 de julho de 2006 com a população em geral e entre 31 de agosto e 20 de outubro de 2007 com os educadores e profissionais da área médica, a pesquisa teve como objetivo investigar o nível de informação dos grupos sobre os atributos clínicos, o diagnóstico, manejo e tratamento dos portadores de TDAH. Dados de 2006 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que 3.723.607 possuem o transtorno sendo 3,5% das crianças entre 0 e 14 anos e 1,5% dos jovens de 15 a 64 anos. A pesquisa do Datafolha procurou investigar se os entrevistados já tinham ouvido falar da doença e sua opinião sobre os atributos clínicos e fontes de informação sobre o TDAH, as condutas dos médicos e psicólogos no diagnóstico e tratamento dos pacientes e a fonte de indicação para o tratamento. No caso da população em geral, 9% disseram já ter ouvido falar do transtorno, contra 87% dos educadores, 97% dos médicos e 100% dos psicólogos. O percentual de médicos que acreditam que muitas crianças têm o diagnóstico do TDAH porque os pais são ausentes é de 55% dos pediatras, 53% dos neurologistas, 45% dos clínicos gerais, 42% dos psiquiatras e 25% dos neuropediatras. No caso da população, apenas 3,65% concordam com esta opção. “O TDAH é um problema de saúde importante e não tem relação com pais ausentes ou com a falta de imposição de limites para as crianças”, informa o porta voz do estudo, Dr. Fábio Barbirato, Psiquiatra da Infância e Adolescência. Quando comparadas, as categorias médicas apresentam diferenças significativas nas afirmações da pesquisa: os pediatras apresentam a menor concordância (1%) com a informação de que o TDAH é uma doença e deve ser tratada com remédios. No caso dos neuropediatras, existe uma maior aceitação (90%) para a informação de que a pessoa pode conviver bem com a doença sem um tratamento. Os neurologistas têm maior percentual de aceitação (35%) para uma citação que afirma que a medicação para o TDAH causa dependência. Já os clínicos gerais manifestaram a menor porcentagem (67%) de concordância com a afirmação de que o benefício do uso dos medicamentos é maior do que os efeitos colaterais e os pediatras concordam que esportes substituem o tratamento para a patologia, 26%. De acordo com o Dr. Marco A. Arruda, neurologista da infância e adolescência do Instituto Glia, “esses dados infelizmente comprovam o desconhecimento dos médicos sobre o transtorno e o seu tratamento, uma vez que os psicoestimulantes, utilizados no tratamento do TDAH, são medicamentos com numerosas evidências científicas de eficácia e segurança na população infantil”. Embora a avaliação dos grupos mostre uma consciência sobre a existência do TDAH, existem grandes equívocos relacionados à patologia. No caso dos médicos e educadores, esses equívocos são mais graves, pois, eles são os responsáveis pelo encaminhamento e tratamento dos portadores da doença. O grupo dos professores é o mais sensível aos sintomas já que 56% dos entrevistados afirmaram que a escola os direcionou ao tratamento. “É urgente o estabelecimento de um programa de capacitação e educação continuada para profissionais que lidam com TDAH, assim como um efetivo programa de informação aos pais e escolas, de forma a garantir o diagnóstico correto e o tratamento bem sucedido dos portadores de TDAH”, afirma Dr. Fábio Barbirato. O tema “Pesquisa Datafolha sobre o conhecimento da TDAH no Brasil: há excessos no diagnóstico e tratamento de nossas crianças?” será abordado e discutido no “Congresso Aprender Criança” que acontecerá nos dias 23 e 24 de agosto em Ribeirão Preto-SP. O “Aprender Criança” tem uma comunidade virtual com o intuito de traduzir e replicar as descobertas médicas para as salas de aula. Esse esforço tem como intuito integrar neurocientistas e educadores para que o ensino seja aprimorado desta forma, todos os estudantes conseguirão aprender o conteúdo escolar. Para participar da comunidade, o site é:
www.aprendercrianca.com.br

Um comentário:

Unknown disse...

Olá, Evelyn.

Gostei muito dos seus textos, pois eles discutem algumas problemáticas do meu interesse no assunto.
Há alguns anos nos conhecemos em algum evento na Santa Casa de Misericórdia e você me deu seu cartão de visita.
Naquela época eu, professora, estava iniciando minha formação em Fonoaudiologia em virtude das minhas filhas, portadoras do TDAH.
Atualmente venho orientando professores a como lidar com esses alunos.
Tenho também um blog (www.tdahfono.blogspot.com/) no qual conto algumas das minhas experiências como mãe e ofereço informações sobre o transtorno, buscando mostrar a importância da Fonoaudiologia no processo diagnóstico e no tratamento.

Um abraço.
Arnete de Almeida Faria