segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

caso III - Bia


III- A Beatriz, ou Bia, como ela é chamada, é uma linda menina na flor dos seus 8 anos, que é calma, tranqüila, e nem faz barulho na aula. Adora sentar-se junto à janela e ficar seguindo com o olhar o revoar das borboletas do jardim! A professora já percebeu que ela é muito distraída e que vive no mundo da lua. Nas provas, erra besteiras e até matérias que ela sabe, de tão desatenta que é! Quando acaba a aula, ela sempre esquece alguma coisa na escola. Sua cabecinha não se fixa ali, nos seus pertences. Já perdeu um monte de casacos e livros, entre outras coisas. Em casa, dois dias antes das provas, Bia estuda a matéria toda, e assim consegue tirar notas suficientes para passar. Mas outro dia foi um problema. Sua mãe pediu a ela que tirasse a tomada do ferro, pois ela ia atender ao telefone. Mas ao chegar lá, Bia se esqueceu o que tinha ido fazer. Logo depois, a casa toda estava uma fumaça só! Que perigo! Bia ficou de castigo um dia e meio, trancada no quarto e vai ficar uma semana sem ver o seu programa favorito de TV. Dona Dora, a mãe de Bia, é muito nervosa e fica com muita raiva, acha que ela faz de propósito, e dá vários apelidos a ela, como desmiolada, alienada, bêbada, destrambelhada, retardada, surda, etc. Bia apanha muito da mãe, e sofre com isso, e na escola teve uma piora muito grande na parte social. Não tem nenhuma amiga, fica sentada num canto durante todo o recreio, olhando para o vazio. Bia é negligenciada pelas crianças da escola, que já mandou vários bilhetes para a dona Dora, mas a Bia perde todos eles e ainda se esquece de avisar a mãe. A escola está preocupada, pois acham que Bia tem um quadro amotivacional e querem que seus pais a levem ao médico. O pai da Bia está pensando em mandá-la para um colégio interno bem rígido, para ver se ela toma jeito naquela “cabeça oca”. Os pais da Bia se sentem impotentes e se acham culpados por ela ser assim, e vivem brigando e se culpando mutuamente. O colégio interno seria uma maneira desses pais se livrarem do “problema-Bia” e ficarem menos angustiados. A presença da filha para esses pais é muito penosa, na medida em que eles não sabem lidar com tanta frustração.
Casos como esses, onde a situação pode se complicar tanto, poderíamos traçar um paralelo com famílias que “apanham no escuro”, sem sequer saber de que direção vem o “ataque” e muito menos como se defender,... muitas vivem “anos” apanhando no escuro, ...

Nenhum comentário: