segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

TDAH - dando a volta por cima!











O profissional da área de saúde mental tem recebido em seu consultório um número cada vez maior de crianças e adolescentes com queixas de ordem emocional e ou comportamental associadas a problemas de aprendizagem.

Crianças dispersas e com dificuldades escolares e de sociabilização até então eram vistas na grande maioria dos casos, como conseqüentes à educação permissiva e sem limites pelos pais, ou por pais protetores em excesso, ou até mesmo por falta de umas "boas palmadas" ou problemas do próprio sistema educacional.
De qualquer forma, a consequência sempre era mais ou menos a mesma: criança super rotulada, vivenciando o preconceito "na pele" acabava apresentando a "síndrome da desmoralização", secundária ao fato de se sentir (e ser vista como) uma criança diferente, sem futuro, "uma criança desacreditada" dentro de seu próprio meio...

São crianças que sentem a dor do fracasso e da solidão muito precocemente e que sentem humilhação, vergonha e impotência diante de seus pares, cada qual seguindo a vida, enquanto para elas, a vida se mostrando cheia de muralhas intransponíveis.
À medida que os anos vão passando, essa sensação "de ser desacreditado" associada à percepção de "ser menos", vai fazendo com que essa criança ou esse jovem acabe achando mesmo que ele "não vale a pena de ser investido" ou seja, ele opta por "jogar os panos" e tal qual aos outros, acaba por não acreditar mais em si mesmo, gerando um outro estado - a

"síndrome do desamparo aprendido" : a própria criança já "não se leva mais à sério", onde são grandes os "rombos" e sequelas emocionais em seu psiquismo.
Ora, vamos nos colocar no lugar de uma pessoa que não está conseguindo enxergar aquilo que lê - tudo fica embaçado e turvo. Ou como alguém que tenta entender como se resolve uma determinada tarefa e que não consegue entender. Se essa condição ocorrer quase todo dia, ao final de um tempo, certamente vamos ficar com pavor da tal situação.

E é assim que muitas crianças e muitos jovens acabam por desistir da escola. Muitos pais costumam dizer: - O meu filho não aprende nada porque ele não gosta de estudar! E eu sempre respondo com veemência: NÃO!! O SEU FILHO NÃO GOSTA DE ESTUDAR PORQUE ELE NÃO ESTÁ CONSEGUINDO APRENDER !!!!

Hoje em dia sabemos que um grande número de pessoas que apresentam sintomas como os descrito acima, tem chance de ser portador do TDAH – transtorno do déficit de atenção e hiperatividade – condição ainda pouco conhecida e que vem sendo muito estudada e melhor entendida nos últimos anos, com o avanço da neurociência, e cujo tratamento é bastante eficaz. A maioria das crianças, jovens e adultos quando corretamente tratados, passam a gostar de estudar e ler. Uma vez que passam a aprender, passam a gostar de estudar. de pessoas

5 comentários:

Anônimo disse...

Evelyn,como lidar com isso?
Minha filha tem 7 anos e muito dispersa na escola,nao interage com os colegas,e insegura e nao consegue acompanhar a turma.
Eu vivo repetindo pra ela que me zango pq sei que ela e capaz,que e inteligente,e ela chora so e choramos juntas.
Nao sei mais o que fazer,pois ja tentei quase tudo ao meu alcance,incentivos,castigos,conversas interminaveis...
Chorei ao ler sua materia,nao quero que minha filha amargue o fracasso,ou que o aceite.
Se puder me ajude.
agradeco.

Unknown disse...

o primeiro passo é procurar um psiquiatra especialista em TDAH para fazer uma avaliação nela. Se for constatado o TDAH, certamente o médico irá iniciar o tratamento com o metilfenidato, medicamento padrão-ouro e de alto poder de eficácia. O TDAH é tratado por de modo multidisciplinar, portanto, também inclui a psicoeducação, orientação aos pais e familiares, e todo o relato da escola. É importante ver se existem comorbidades, e qual é a história familiar para o TDAH. Você precisa ser orientada para saber como vai ter que lidar com a sua filha.
um abraço,
Evelyn

Unknown disse...

o TDAH ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é uma condição neurobiologica, de inicio precoce, bastante prevalente em crianças de idade e adolescentes, com prevalência em torno de a 10% da população escolar. Quando nao é tratada precocemente, pode evoluir de modo adverso, numa espiral decrescente. Na prática, vemos que a vida do portador de TDAH que não é tratado, tem grandes chances de evoluir com insucessos crônicos e auto-estima baixa. Por isso, hoje em dia, com todo o avanço da neurociência, da neuroimagem e dos estudos neuropsicológicos, é inadmissível que um paciente seja atendido pelo médico sem que seja feito o diagnóstico de TDAH. É super importante o diagnóstico precoce e o tratamento correto. É bom lembrarmos que crianças e jovens nao tratados, vão evoluir com sintomas na vida adulta em cerca de 50 a 60% dos casos.
Evelyn Vinocur

Unknown disse...

oi Evelin, minha filha tem cinco anos. É aparentemente uma criança calma, mas qdo está na frente da tv vendo desenho espalha brinquedos pela sala e pinta seus desenhos, tudo ao mesmo tempo. não prende a atenção em nada. está sempre com bronca de algum coleguinha na escola. tudo vira novela, para comer então é um drama. Está muito agressiva e gritando muito. quer dar ordens em todos em casa. ja conversei, ja chorei, ja dei bronca, ja colokei de castigo, ja tirei brinquedos, mas nada muda. o q devo fazer?
o pediatra me aconselhou a trata-la com florais. mas estou perdida.

Unknown disse...

danielle,
é importante que você leve a sua filha para ser avaliada por um psiquiatra especialista em saúde mental da infância. É importante fazer uma avaliação da dinâmica familiar, pois fatores psicossociais podem interferir no estado emocional de sua filha. É importante que a família seja orientada, é o que chamamos de psicoeducação. É importante também ouvir a escola, os professores de sua filha. existem questionários próprios para a escola preencher sobre sua filha. Assim, vemos que para tratar uma criança, temos que ouvir a família e a escola. Depois, o psiquiatra vai avaliar a criança globalmente para então, dar um diagnóstico dela. E vc precisa saber como lidar com a sua filha e aprender algumas técnicas eficazes para obter comportamentos mais adequados e de mudança positiva nela.
um abraço,
Evelyn