segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

CASOS CLÍNICOS - caso I - Bernardo


I - Bernardo é o tipo de menino que não pára, que nunca se cansa, é muito curioso e quer saber todos os porquês. Gosta de ir à escola mas quando chega lá, prefere ficar brincando no pátio a ir assistir as aulas da Tia Fernanda. Na sala de aula, Bernardo até parece que está no “ensaio da escola de samba”, de tanto que se mexe. São mãos, pernas, pés, ombros, cintura, cada parte para um lado. Coitado do menino, parece que está com pó de mico no corpo! Bernardo bem percebe tudo isso mas finge não notar, não quer dar o braço a torcer. Mas a verdade é que Bernardo se sente super mal por ser assim, sem ter o controle de mudar esse jeito. Ele se acha fraco e sente-se derrotado por um “troço” que “vive” dentro dele, fazendo “gato e sapato” dele. Ele chora muito sozinho, normalmente quando toma banho, para sua mãe não perceber. Ele não entende por que não consegue parar quieto e fica agoniado em pensar até quando vai ser assim. Se balança até quando dorme. Bernardo gostaria de virar uma poeirinha, de sumir, pra não ter que ver a tristeza de seus pais quando virem o seu boletim ... mas as coisas não param por aí. Bernardo também é muito distraído. Basta uma buzina na rua, um lápis que caia ou uma criança passando pelo corredor da escola, que ele não consegue mais continuar o que estava fazendo. Ele tem que olhar, quer ver e saber de tudo. Só que quando ele interrompe uma tarefa que estava fazendo, é um sofrimento para reiniciá-la. Se confunde todo e acaba virando motivo de chacota, pois sempre é o último a acabar – o que lhe gera um monte de apelidos, como lesminha, lentinho, ... Outro dia, ele jurou que não ia pedir para ir ao banheiro e nem ficar se balançando na cadeira ou mordendo os lápis. Ele tentou tanto ficar quieto, mas tanto, que dormiu profundamente sobre a carteira de aula e vocês podem até imaginar o vexame que ele passou... O Bernardo tem dois problemas, um de querer acabar logo e aí tudo fica malfeito, sujo, tudo rabiscado ou amassado, de tanto passar a borracha; e o outro, de querer fazer tudo limpo e perfeito, mas isso ele não consegue! Bernando, tadinho, se sente um estorvo, uma pedra no caminho dos pais.

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